Museu de Ciências Naturais e Instituto Pró-Pampa avaliam a conservação dos peixes-anuais

Publicado em 9 de setembro de 2019
Museu de Ciências Naturais e Instituto Pró-Pampa avaliam a conservação dos peixes-anuais

Os pesquisadores do Museu de Ciências Naturais (FZB/SEMA), Marco Azevedo e Vinícius Bertaco, e do Instituto Pró-Pampa, Luis Esteban Lanés e Matheus Volcan, estiveram entre os dias 3 e 5 de setembro nos municípios de Bagé, Aceguá, Hulha Negra, Pedras Altas, Arroio Grande e Jaguarão realizando vistorias em áreas de ocorrência de espécies de peixes-anuais ameaçados de extinção. A expedição de campo teve por objetivo avaliar a situação de conservação das populações e dos biótopos dessas espécies.

Os peixes-anuais (família Rivulidae) são espécies que vivem em habitats aquáticos sazonais parcial ou completamente isolados, como as áreas marginais de riachos, banhados e charcos que se formam pela água empoçada durante as épocas chuvosas, quando se desenvolvem e crescem, chegando rapidamente à fase adulta e se reproduzindo. Quando esses ambientes secam, os adultos morrem, permanecendo apenas os ovos depositados no solo lodoso. Na época chuvosa seguinte, o ambiente volta a alagar e os ovos eclodem, dando origem a uma nova geração de peixes-anuais. Devido às suas particularidades de hábitat e de modo de vida, são o grupo de peixes que apresenta o maior número de espécies ameaçadas de extinção no Brasil e seus ambientes têm sido destruídos por atividades relacionadas a aterramentos, drenagens, agricultura, urbanização e poluição.

Como resultado das vistorias, foi observado que a maioria das populações continuam ocorrendo nas áreas registradas, mas, para algumas delas, foram detectados impactos que podem comprometer a integridade dos ambientes e a sobrevivência das espécies. Infelizmente, também foi constatado que duas das três populações conhecidas da espécie Austrolebias quirogai no Brasil foram dizimadas pela conversão das áreas úmidas em lavouras de soja, alterando drasticamente as condições ambientais das áreas.

A expedição de campo faz parte da Estratégia Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção, conhecida como GEF Pró-Espécies, um programa criado pelo Ministério do Meio Ambiente para estabelecer ações de prevenção, conservação, manejo e gestão de espécies ameaçadas de extinção. O GEF Pró-Espécies prevê uma efetiva aliança nacional envolvendo as esferas de governo federal, estadual e municipal, além dos setores acadêmico-científico, não-governamental e empresarial.
No Rio Grande do Sul, o GEF Pró-Espécies conta com a parceria da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, que coordena algumas ações por meio de seus técnicos e colaboradores externos. Além da proteção e recuperação das espécies, o GEF objetiva um modelo de desenvolvimento que assegure a utilização sustentável dos componentes da biodiversidade.

O Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção tem a expectativa de que, até 2022, sejam tomadas medidas para proteção de pelo menos 12 áreas-chave para conservação de espécies ameaçadas de extinção no país, em especial para as 290 que estão em situação mais crítica, em 13 estados brasileiros.

Fonte: Museu de Ciências Naturais

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